quinta-feira, 29 de maio de 2008

Dobradinha

30 dias de noite é uma história em quadrinhos fodaça escrita por Steve Niles e desenhada, melhor, pintada por Ben Templesmith. A HQ conta a história da cidade de Barrow no Alaska, que durante o inverno passa 30 dias sem a luz do sol. Bem, com 30 dias de noite, a cidade vira um resort para um grupo de vampiros. Dá-lhe sangue, cabeças voando, criancinhas malditas e o cardápio completo de uma boa história de terror.






Em 2007 a HQ foi adapatada para a telona. O filme, com o mesmo nome, dirigido por David Slade, é bem legal e consegue passar bem o clima de terror e abandono dos moradores de Barrow. O mais interessante é que a cidade existe, mas são 67 dias sem sol e não 30 como na HQ.







No extremo oposto desta história está Insomnia, de 2002, dirigido por Christopher Nolan com Al Pacino e Robin Willians. No filme Pacino faz um policial enviado a uma pequena cidade no Alaska para investigar um crime. O que coloca a película no extremo oposto de "30 dias" é que o detetive não consegue dormir porque a cidade vive um período no qual o sol não se põe, uma espécie de "30 dias de dia". Como não dorme, o cara vai surtando ao longo do filme.


Os dois filmes estão disponíveis em DVD. 30 dias de noite,a HQ, foi editada pela Devir e ganhou uma continuação " 30 dias de noite, retorno a Barrow", feita pela mesma dupla.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Cães


Depois de muita insistência, meus filhos conseguiram convencer a mim e à minha esposa que chegou a hora da família ganhar um novo membro, um cachorro. A escolha é difícil, as opiniões se dividem. Entre Beagles, Labradores, Poodles e outras raças, pensei se não seria mais fácil escolher um cachorro dos quadrinhos.
Os primeiros candidatos são os cães da Turma da Mônica. Acho que Maurício de Souza é apaixonado por estes animais, visto a grande quantidade de personagens caninos:



Bidu - Foi o primeiro personagem publicado por Maurício, em 1959. O cãozinho azulado é o companheiro do Franjinha. Bidu é muito independente e tem suas próprias histórias. No entanto é muito certinho, mal-humorado e reclamão. Não me surpreenderia se um dia aparecesse de terno e gravata.





Bugu - O rival de Bidu dispensa comentários. Nunca confie em um cachorro louco pela fama.







Floquinho. O maior problema deste cachorro é saber onde está sua cabeça ou seu rabo. Acho que isto causaria algumas surpresas desagradáveis.




Snoopy - Talvez seja o cachorro mais famoso dos quadrinhos. Criado em 1950 por Charles Schulz, este Beagle conquistou o mundo. Porém Snoopy é propenso a delírios de grandeza e sofre de distúrbio de personalidade. Além disso é mais inteligente que seu dono.







Milu - O Fox terrier de Tintin é extremamente fiel ao seu dono. No entanto vive se metendo em enrascadas e, sinceramente, meio sem graça.







Krypto - Bem, um cão que voa e possui visão de calor não é muito adequado para crianças.








Capeto - O mascote do Fantasma é um lobo, não um cachorro. Portanto está fora.








Pluto e Pateta - Nunca entendi porque o Pateta se comporta como gente e o Pluto como cachorro.







Idéiafix - O minúsculo e ecologicamente correto mascote de Obelix é o que possui o comportamento mais canino de todos desta lista. Mesmo assim Idéiafix é extremamente engraçado e é muito divertido observar seu comportamento, ali no pé de cada quadrinho, quase imperceptível diante do gigantesco Obelix.





A escolha é tão difícil como no mundo real. Acho melhor voltar aos classificados em busca dos Beagles, Labradores e Poodles que, como todo bom cachorro, mordem, fazem cocô, latem e sujam a casa toda.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Dois mangás


Outro dia comentei sobre a capa do mangá Delivery service of corpse vol. 1, publicado pela Conrad. Achava a capa muito parecida com o cartaz do filme Anatomia de um crime. Atraído pela capa resolvi conferir o recheio. Delivery conta a história de um estranho grupo de estudantes que consegue falar com os mortos e realizar seus últimos desejos. O grupo acaba descobrindo que esta atividade pode ser lucrativa e resolve abrir uma empresa. As histórias são meio macabras, tratam de suicídio, incesto, serial killers e outras bizarrices. Me lembraram bastante os Contos da Cripta.
Cada história, com exceção da primeira, possui cerca de 46 páginas, o que é pouco levando em consideração o estilo narrativo dos mangás. A conseqüência é que as histórias são mal desenvolvidas, a trama se resolve num piscar de olhos e muitas vezes forçando a barra. Alguns personagens do grupo parecem supérfluos e sem um papel muito definido na história.
Bem o volume 1 contém as primeiras quatro histórias do grupo e como a última é a melhor de todas, vale a pena ler o volume 2 e apostar em histórias melhores.
O mangá é escrito por Eiji Otsuka e desenhado por Housui




O outro mangá é Homunculus nº 1 editado pela Panini. A história gira em torno de Susumu Nakoshi, um sujeito misterioso que vive como um sem teto em um parque de Tóquio
Nakoshi é abordado por um jovem que lhe propõe a participação em uma experiência médica que envolve uma cirurgia de trepanação em troca de dinheiro. Daí começa a trama. O mangá e desenhado e escrito por Hideo Yamamoto que consegue desenvolver uma história instigante que nos faz esperar ansiosamente pelo nº 2. Ficamos curiosos pelo passado de Nakoshi, como virou um sem-teto e pelas consequências da cirurgia.
Apesar de no final da publicação um aviso do editor nos alertar que todos os personagens e situações são ficitícios, nas páginas 127, 131 e 139 vemos imagens de uma cirurgia real de auto-trepanação realizada pela artista plástica Amanda Feilding, em 1970.

Fica uma ressalva para a edição Panini que apesar do preço melhor( R$ 9,90 por 258 pgs contra os R$ 12, 90 da Conrad por 210 pgs) deveria fazer como a concorrente e editar os mangás com margens o que acabaria com a impressão de que o desenho foi cortado.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Fãs e jabá



Uma das coisas mais gratificantes no trabalho com quadrinhos e cultura em geral é observar e compartilhar a paixão de alguém por um artista ou uma obra. No último FIQ os exemplos foram vários. Teve o sujeito que tem a mesma tatuagem que o seu personagem favorito. Dezenas de fãs de mangá e anime praticando o cosplay ( se vestir e/ou atuar como seu personagem predileto). O cara que ficava vários minutos babando diante de uma assinatura (original) de Alex Ross em um desenho. Outro fã do Eduardo Risso que viajou centenas de quilômetros só por um autógrafo. O cartunista Nilson, veterano do Pasquim, que aguardava, ansioso como uma criança, uma palestra do Berardi, seu ídolo. O jornalista que cobria o evento e comemorava o fato de ter ganhado um anel do lanterna verde, de plástico.
Hoje vivi mais um destes momentos. Lucas, um colega do trabalho, exibia um largo sorriso no rosto. Durante o feriadão do dia do trabalho, foi ali, em São Paulo, conferir a exposição Star Wars, no Ibirapuera. Foi com a irmã e o filho mais velho de 14 anos. Estava nas nuvens depois de uma overdose de Pod racers, X-wings, figurinos originais, maquetes e toda a parafernalia que se tem direito. "Foi como uma terapia intensiva" nas palavras do extasiado Lucas. Sou Nerd mas sou feliz.
Vale a pena!

Aqui vai um agradecimento ao Idelber do concorridíssimo blog O biscoito fino e a massa pelo Jabá feito a este blog no seu post de hoje. Idelber é um velho amigo é um dos mais importantes blogueiros do Brasil, além de atleticano, é claro.

Para quem se interessa pelo tema fãs, os filmes trekkies e trekkies 2 são imperdíveis. São dois documentários sobre os fãs de Jornada nas Estrelas. Estão sempre passando nos canais a cabo por aqui. Vida longa e próspera!

Foto via blog de brinquedo

Homem de Ferro



Nunca fui muito fã do Homem de Ferro nos quadrinhos. Mas tenho que confessar, a Marvel acertou a mão na sua adaptação para a telona. O filme é empolgante e divertido. A história está bem amarrada e o Tony Stark de Roberto Downey Jr é genial. Como faz toda adaptação de quadrinhos é preciso atender tanto ao público aficcionado, quanto àqueles que terão contato com o herói pela primeira vez. O filme cumpre bem esta missão.

O filme foi o primeiro da Marvel Studios e com um faturamento de estréia na casa dos 100 milhões de dólares, foi um começo promissor. Com o controle da produção das adaptações de seus personagens nas mãos, espera-se que a Marvel não repita fiascos como Demolidor, Elektra e Quarteto Fantástico e que o padrão daqui pra frente seja balizado em filmes como Homem Aranha e Homem de ferro.
Segundo o site Omelete a Marvel divulgou o cronograma de seus próximos filmes: Homem de Ferro 2 e Thor em 2010 e Capitão América e Vingadores em 20011.
Agora que venha o Hulk, em junho. Esperamos que o verdão se recupere do fracasso de seu primeiro filme e que escape do limbo cinematográfico onde outros já foram atirados.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Quadrinhos africanos



No ano passado fiz uma apresentação da programação do FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos - para uma platéia de professores aqui de BH. Estava eu lá todo animado falando das exposições e convidados, vindos dos EUA, França, Itália, Japão, Espanha e de vários estados brasileiros. De repente, uma professora me pergunta sobre os quadrinhos africanos, se teríamos alguma exposição sobre eles. Meio sem graça lhe disse que, infelizmente, não teríamos nenhum representante da nona arte africana. Na realidade naquele momento não me lembrava de conhecer algum quadrinista daquele continente. A única coisa relacionada à África de que me lembrava era o álbum Wallaye do francês Jano, que narra as aventuras do seu personagem Kebra em terras africanas.

Apesar de o álbum ser muito bom e mostrar que jano sabia o que estava escrevendo e desenhando, não era quadrinho africano. Para que os quadrinhos africanos não ficassem totalmente fora do FIQ, conversei a respeito com Roberto Ribeiro, da casa 21, nosso parceiro no FIQ, que lembrou da professora e pesquisadora Sônia Luyten, que já havia escrito a respeito do tema.
A Sônia veio ao FIQ e, brilhantemente, apresentou o que havia de produção em quadrinhos na África.
Mas o melhor disto tudo foi que, por coincidência, uma coleção de quadrinhos trazida pela Embaixada francesa para exposição durante o FIQ, trazia o álbum Aya de Yopougun, escrito por Marguerite Abouet, da Costa do Marfim e desenhado pelo francês Clément Oubrerie. Editado pela Gallimard em dois volumes, o livro foi o vencedor do Prix de premier album, de 2006, do Festival de Angoulême, principal evento de quadrinhos na Europa.
Bem, foi minha primeira leitura de um quadrinho africano, que mesmo desenhado por um europeu, tem sua alma no belo texto de Marguerite. Aya trata das aventuras de três amigas adolescentes Aya, Adjoua e Bintou, nas ruas de Yopougon, um bairro de Abidjan, maior cidade da Costa do Marfim. Como toda adolescente, a vida das meninas gira em torno da família, encontros, namoro, sexo, expectativas de vida. E tudo isso é tratado com um humor surpreendente

Aya traz uma narrativa que foge dos clichês sobre as calamidades e tragédias africanas. Afinal existem muitas outras histórias que podem ser contadas.

Vale a pena a leitura. O único senão e que o livro ainda não foi editado no Brasil. O momento editorial é propício. A lei 10.639, que incluiu nos currículos escolares o ensino da história e cultura africana tem estimulado muitas publicações sobre a áfrica e de autores africanos. O próprio mercado de quadrinhos tem espaço para álbuns como este.

Mais inspirações



Veja a capa do recente mangá Corpse delivery, recentemente publicado por aqui. Não lembra o cartaz do filme Anatomia de um crime, de 1959?